sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Bob's


Eles se viram. Se olharam. E agora confirmam: estão certos de que já se viram antes.Seus olhares penetram-se. E no compasso acelerado do desejo, ambos notam algo em comum: são anjos controlando seus demônios. Insistem e se perdem pela carne, pelo prazer, pelo descontrole dilacerado da respiração ofegante de quando se aproximam.

Olhos nos olhos. Mais próximos... Se cumprimentam sem palavras. Aproximam-se mais, sentem certo calor. Deste, que parece iniciar de baixo pra cima e de dentro pra fora, fazendo com que os poros se enlouqueçam, abrindo e fechando sem ordem. Sentem um frio na barriga. Desejo.

A mão dela se esbarrou na dele, como quem não queria que esbarrasse. Intencionava mais. Queria tocar além da mão. Claro que ele nota. Ele, mais discreto, corresponde só com o olhar. Só que agora o tom muda. Ele tem fome. Ela tem fome. Os dois têm desejos.Olhos, mãos, pele, corpo, boca, língua, suor... Respiração.

Se desejam. Se imaginam. Se sentem. Ela o seduz. Femininamente traiçoeira, o puxa pelas mãos.
Vai ser ali mesmo. No andar de cima, no banheiro feminino. O tempo é curto, ela se encarrega de tudo. O ordena só com olhares e ele a obedece como quem entende todos os seus sinais.
A voz sussurra quente em seu ouvido... Ela o deseja. Passa a mão pela suas costas, usa suas unhas, o toca com sua boca quente e molhada. Vai até o pescoço que tem cheiro e suor de quem a deseja ainda mais.
Sorrateiramente, caminha com suas mãos até as mãos dele. Estão suadas. Parece um menino com medo. Ela encarrega-se de passar com as mãos dele no seu corpo. Tudo é ardente. Delírios e sussurros de desejo. Pele, boca, poros... é tudo quente. Tudo.

Acelera o ritmo. Boca com boca, as línguas dançando valsa em seus corpos.Pele branca, alva, quase inocente... Misturada a cor morena e quente de quase pecado. Temperatura nas alturas. Aceleram ainda mais o ritmo. Gemidos e sussurros de prazer até que... Batem na porta. Era no banheiro feminino. Envolvida, destemida e completamente entregue... Ela silencia tudo em um beijo, quase tímido.


Estão molhados de prazer. Mordendo os lábios, eles se olham. Batem mais uma vez na porta. Calmamente ela se arruma, se enfeita, enquanto ele, pasmo, assiste a tudo com o coração acelerado. Não batem mais na porta. Ela sai primeiro. Eles já se falavam tanto pelo olhar que ele entendeu também que poderia sair.


Saem. Estão de mãos dadas. Seus corpos aprenderam a se falar antes que suas vozes se proclamassem.
Foi a primeira vez e, com certeza, não seria a última.


(conto para o blog A Arte Não é Minha - www.aartenaoeminha.blogspot.com)
Débora Andrade

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Colorindo O Mundo


Colorindo o mundo

Desejo ao mundo OUSADIA.

A ousadia de procurar se conhecer... Olhar diante de um espelho e ver a pessoa maravilhosa que existe guardada aí... Algumas estão trancadas à sete chaves, outras... com uma fresta escancarada para fugir. Mas todos nós temos esta pessoa "MARAVILHOSA".

Existe um personagem dentro de cada um de nós que é muito mais forte, muito mais benevolente, muito mais corajoso e tão sábio que consegue ponderar elementos pesados como a força com a doçura e a leveza do amor.

Permita se olhar, ao menos um dia... e se orgulhar de algo que só você sabe que fez de bom. Não espere retorno dos outros.. Apenas espere retorno pelo que VOCÊ faz.

Somos nós os principais responsáveis pelas nossas vidas, pela nossa felicidade... Não espere a felicidade vindo de bandeja carregada pelo seu pai, sua mãe, namorado (a), esposo (a), filho (a)... etc e tal...

Portanto, desejo que se olhem e se "vejam". Não sejam perfeitos... Não há muita beleza na perfeição!!! Mas seja o melhor que puderem ser... Melhor para o mundo? Para o seu namorada (O)? Esposa (o) ? Chefe?   - Não... Seja o melhor para vocês mesmos!!! Nossa disputa deve ser com nossos medos, nossas falhas e fraquezas. Procure acordar amanhã, muito melhor do que acordou hoje!!!

Há algo no universo, INEXPLICÁVEL, que conspira com a força dos seus atos, seus pensamentos, sua postura diante do mundo. Acho que tem um espelho gigante no céu que reflete o que fazemos por aqui... No tempo dele, é certo... Mas sempre reflete!

Não busque respostas fora de si. Tudo que precisamos está sempre em nossas mãos, diante do nosso nariz, dentro do nosso coração.

Não é preciso assistir ao filme "segredo" ou ler o livro!
Vislumbrar um mundo melhor só é possível se vislumbramos melhorias em nós...

Vamos colorir a vida...
Os pincéis estão em nossas mãos...

E como nada é tão bom se for tão simples...
Fabrique as tintas!!



 Débora Andrade

Talvez, Maturidade


Talvez, maturidade.

Impressionante como "o passar do tempo" e a análise constante dos fatos te torna uma pessoa quase insuportável de tanta razão. A gente acaba resumindo um monte de "gente" por pura praticidade. Transforma alguns que te cercam em um livro super interessante, daqueles que você tem vontade de devorar em um dia, e repetir isto pelo resto dos seus dias... E outros, naqueles gibis sem graça nenhuma que te dá uma preguiça...

Por muito pouco, você analisa e consegue perceber alguns detalhes que acabam tornando qualquer ser humano muito previsível. Às vezes, isto pode parecer positivo. Quase te transforma em um "vidente". Mas, às vezes, sinto tanta falta das surpresas. E eu gosto tanto de surpresas!
O que "o passar do tempo" ainda não me ensinou foi a prever o meu sentir, que continua a insistir em ser muito, em ser intenso, em ser inexacto e bem mais surpreendentes, quando não necessito que eles sejam. Não são destas surpresas que gosto. Aplico esta irritante análise, involuntariamente, na maioria dos que me rodeiam e consigo falhar o tempo todo comigo. Concluo que, toda a leitura de almas são feitas a partir das minhas lentes que aumentam ou diminuem na medida que me afasto ou me aproximo. E, quase sempre, me aproximo... Mas também me afasto. Me afasto, às vezes, na tentativa de me afastar de mim mesma. E porque eu me aproximo?

E mais uma vez, esta compreensão que, às vezes eu também odeio, responde a pergunta que faço. Não sei se por comodidade ou por evitar um penar que me farta, aprendi a aceitar as questões que não dependem, inteiramente, de mim. E assim consigo seguir sem tantas penas de mim mesma.

Acho que este "passar do tempo" pode ser... maturidade. E, como tudo na vida, tem seu lado bom e seu lado ruim.


Débora Andrade

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Só Para Constar


Só Para Constar

Preocupo-me com sua palidez poética. Nunca foi um entusiasta nato, mas... eu via brilho nos seus olhos quando proferia sonhos de futuro. Talvez, devesse escrever mais... escrever para você mesmo!! Esta prática da escrita e da leitura e mil releituras de si mesmo nos proporciona um conhecimento maior sobre nós mesmos.
Lá pela quinta vez, parece que começamos a nos entender melhor e, apesar de não encontrarmos nesta prática as fórmulas da felicidade, o "se entender" nos favorece a ter uma visão mais leve da vida. Parece que fica mais fácil viver alegria e lidar com os pesos das tristezas.

Agora basta de conselhos. Agora eu quero é falar sobre sentimentos meus. Senti esta vontade e nenhuma preocupação em dizer. Já que agora, me sinto livre e leve, sem amarras ao que vivemos. Suavizei...

Depois de um certo tempo de análises sem analistas, a não ser eu mesma sem diploma de psiquiatra, tenho algumas considerações. Então... há sempre um amor que vai marcar nossas vidas para sempre. Quando te encontrei... eu tinha a absoluta certeza que você seria, não só a pessoa que me marcaria para sempre, mas, a que eu ficaria para sempre desafiando a rotina e os padrões atuais. Encarando e desfazendo todas as certezas que as pessoas construíram sobre relacionamentos e amor... dizendo que o amor não dura... que o amor é balela de livros de contos de fadas!! Eu me alimentei da certeza de que todos viveriam a aplaudir nosso relacionamento e nosso amor...

Eu era uma menina... nos meus olhos brilhavam um brilho igual ao brilho dos teus... sabíamos sonhar...!!!

Ainda acredito em parte desta história toda... Mas, apesar de odiar ter os pés presos ao chão, consigo lidar com meus sonhos com maior racionalidade. Não quero mais expectativas... Não quero mais esperanças... Não quero mais ilusões e promessas... Só quero viver em paz!!!

Acho que o brilho dos nossos olhos...existiu enquanto estávamos juntos!!! Acho que esta magia de brilhar a retina é um pouco de força da união de pessoas que se gostam.

É fato... nunca te disse uma palavra que eu não sentisse, realmente. E, como sempre levei o amor muito á sério... E levarei sempre. Porque o amor merece respeito, sendo ele seu, meu ou de quem for.

Quando me percebo... Sinto falta de um pedaço de mim que ficou nos dias que compartilhamos... Falta do que eu fui enquanto estive ao teu lado. Talvez meus abraços tenham menos calor. Talvez meus olhos guardem menos entusiasmo. Minha boca guarda menos palavras doces. Mas, meu coração, ainda guarda muito amor. Mas é para quem o quer. E assim, quem sabe, nasce uma nova de mim, com abraço, brilho, entusiasmo, beijos e palavras renovadas.
Joguei areia no meu sentimento por você! Tentei deixar de fora só as coisas boas e correspondidas... Não aceito mais viver numa estrada de mão única. E não quero deixar de acreditar no amor como ele sempre foi para mim. E, também, acredito que alguém me tome de surpresa e resgate aquele brilho de quem sabia sonhar.

Vivi nosso amor enquanto eu acreditei nele. Enquanto eu acreditei que você era apenas confuso.. mas que vivia em você amor por mim.

Devagar... vou construindo novos sonhos... E sugiro que faça o mesmo. Mas que construa sonhos em bases mais fortes e que não deixe de fazer só por medo de não dar certo.

Viver já é um risco e dos maiores que podemos ter.

Deixa que de tudo que fomos, nos reste as lembranças... as boas lembranças...
Débora Andrade

A Culpa é De Quem?


A Culpa É De Quem?


E onde estão os culpados, eu pergunto.

- Isto não está certo. Isto está em desacordo com o combinado. Aquilo era para ter sido feito assim. E aquilo ali não era para ter sido feito desta maneira.

E tanta imposição me facilita e muito a me condenar. Sempre tive uma imensa dificuldade em me perdoar. E, apesar de aceitar bem o fato de ser falha, como todo ser humano, sempre detestei viver no erro e muitas vezes, talvez na maioria delas, errei muito na tentativa de acertar. Mas não há desculpas.

E por isso, mais uma vez, eu pergunto: - Onde estã os culpados? Será que estão todos trancafiados em uma salinha escura à espera de perdão? Ou, continuam poraí a propagar os erros, sem censura e sem "des"culpas? Sem nenhuma condenação?
Qual minha sentença? Quanto devo pagar? E este fardo pesado, que tocam notas tristes como as de um piano desafinado, com quem vou dividir? Quem me ajuda a levar?

Há culpa de mais para erros de menos. Em um processo inverso, sem culpar a mim e à ninguém, reflito: que tamanho tem isto para mim? Qual o grau de importância tem o retrocesso de se julgar imperfeita, cheia de falhas e completamente humana?

O que ganhei? O que perdi? E para todos estes questionamentos, tenho respostas na ponta da língua e as guardo ou as solto com afinco.

Saio de mais uma tempestade. E entre tantos erros... meus e dos outros... confirmo: EU ACERTEI EM SER O QUE SOU.
E meu escudo, sem nenhum manto sagrado, sem nenhuma espada intergalática, a simplicidade de se aceitar e admitir meus limites, me protegeu e me venceu, sem grandes esforços.

Não há culpados. É só mais um processo. Apenas mais um passo. Mais um, de tantos que foram dados e dos muitos que ainda darei...

Levo comigo, neste coração sem tamanho, o amor dos que prezo. E não admito que eles também se sintam culpados por ser quem são.

 
Débora Andrade

O Que Todo Mundo Quer


O que todo mundo quer

Tenho observado as pessoas mais do que antes e notei como gostamos de nos enganar. Não sei se por falta de saídas ou por comodidade, simplesmente. Nos enganamos o tempo todo. E são pessoas de todas as idades, de todos os tipos. Em todos os olhos o que vejo é desejo de amor, de amar. Mas da boca saem palavras que distorcem a verdade dos olhos. E por isso as pessoas estão um tanto perdidas. Não sabem administrar seus desejos e entram em um conflito quase desastroso entre querer e poder. - Eu posso, mas não quero ou, eu quero, mas, não posso. E assim vão brigando consigo mesmo, numa batalha sem vencedores.

Têm medo de assumir seus sentimentos, medo de assumir seus desejos mais simples e preferem usar máscaras. Por detrás delas estão a carência, vontade de amar, de ser amado, e também o medo em viver um sentimento que possa causar dor, além da alegria e do contentamento. E por não permitir o sentir, vivem a dor de não viver em plenitude.

Vejo o desejo de se entregar, de olhar nos olhos de alguém com verdades e sentir verdades. Vontade de dar as mãos, de se abraçar e sentir como é mais intenso o calor de dois corpos que se amam. De fazer carinho, de receber carinho... Vontade de ser idiota, bobo, piegas, clichê.

Estão todos à espera de um príncipe ou de uma princesa encantada e vão se iludindo com este tempo que é tão frívolo quando buscamos qualquer felicidade em qualquer abraço, em qualquer beijo. Todo mundo espera pela perfeição, mas ninguém pára para ver que a perfeição está em sentir. Em se entregar a si mesmo. Aos seus sentimentos, pois, se são nossos não temos que questionar a ninguém, senão a nós mesmos. E nós temos as nossas respostas, e é o que basta.

Quando se sente... Ai, quando se sente... Não há beleza maior. Todos os defeitos se relegam à insignificância e tudo que é maior é o amor.

Você se sente mais forte, mais alegre, mais bonito, mais completo, mais gente.

Não temos que nos culpar, culpar aos outros, culpar a vida ou o destino pelas dores que sofremos. Tudo existe e acontece para nos fazer maiores e melhores. Se algumas vezes sofremos, nos desesperamos, nos vimos perdidos, choramos e desacreditamos foi para renovar a nossa fé, a nossa esperança e a nossa força.

Não temos o poder de julgar, condenar e sentenciar a nossa vida. Isto quem cuida é algo ou alguém muito maior. Precisamos viver todos os sentimentos, todos os sonhos doces, até aqueles que, por algum motivo, um dia deixamos de acreditar. Sinto que é viver o que sentimos, o que sonhamos, que faz de nós mais vivos e nos permite um contato maior com o que há de mais puro em nós. Não podemos esperar um príncipe(esa) encantado(a). Esperamos pelo encanto do amor que torna qualquer sapo de brejo em protagonista de conto de fadas.

Coração nenhum pode ter chaves. Ninguém pode ficar trancado e nem nós podemos nos fechar. Amar é muito bom e não devemos nos envergonhar ou ter medo disso. Devemos sentir, somente, pois tudo que vem depois é conseqüência. E a conseqüência de sentimento, no mínimo, é história.
Débora Andrade

"Ismos"


"Ismos"

Temos o mal comum de sonharmos muito. O problema é que, ao sonharmos, envolvemos outras pessoas. Afinal, outro mal comum à nós, humanos, é a carência. Impressionante como sempre desejamos mais alguém para gozar conosco as conquistas e até mesmo para chorar as derrotas. Já viu alguém sonhar em ter uma linda casa, com piscina, salão de jogos, redes preguiçosas, sauna e tudo mais para viver só? No mínimo, alguns cachorrinhos lindos estarão compondo este sonho.
É... Mas o que sonhamos para alguém, não é o que este alguém sonha para si mesmo. Por mais que este alguém tenha demonstrado o desejo de compartilhar com você dos sonhos, dos planos... este alguém não é você. E ele pode mudar de idéia. Não pensou que só porque era real e possível para você que seria para ele, né? Quanta ingenuidade!!!

Fatalmente, comigo foi assim...  Por isso, aconselho: sonhe só para você e por você. Os sonhos de amor, que são os que, obrigatoriamente, envolvemos uma segunda pessoa, é melhor não sonhar.

Quando notamos o controle das nossas vidas em nossas mãos, conseguimos direcionar melhor nossos planos. É certo que perde um pouco da magia, do encanto natural que existe em sonhar. Mas a racionalidade evoca o egoísmo, egocentrismo e indivudualismo. E todos estes "ismos" são indispensáveis para a sobrevivência da dignidade e integridade emocional.

Pensa que estou feliz em concluir isto? - Não. Não estou. Mas, já diz o velho ditado popular " a necessidade faz o homem". E minha necessidade agora é viver em paz. Sem dor, sem frustração, sem desilusão, sem decepção. E qual a saída para isto? Não criar expectativas, nem planos e nem sonhos que envolvam outras pessoas. Ter o controle de mim. E só tenho este controle quando o centro do meu universo passa a ser eu.
Sem essa de sonhar por alguém. Vou sonhar só o que compete à mim. Só no que depende, inteiramente, de mim.
Já escrevi muito sobre o amor. E em determinado momento da minha vida, pensei dominar o conhecimento pleno desse sentimento... Sentimento? Hoje acho que é muito mais um estado de espírito. Mutável, inconstante e frágil.
É só mais um sonho... desses que não são para viver sozinho. E como depende de uma segunda pessoa, desisto de tentar. Estou cansada de mais.
Odeio este balde de água fria em mim mesma. Sempre adorei o brilho dos meus olhos ao sondar a possibilidade de dar certo. E também gostava tanto do meu tom de voz quando, entusiasmada, afirmava que assim seria, como planejamos! Mas as verdades eram só minhas. Os sonhos, criados por ele, eram vividos e consumidos só por mim.
... E meu castelo de sonho se autodestruiu quando sentiu que lá só habitaria minha dor.

Devolva meu controle remoto.  Vou reprogramar minhas estações.
Débora Andrade