sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Confiança


CONFIANÇA

Qual foi a última vez que você fechou os olhos e deixou alguém te guiar?

Costumava fazer isto quando criança. Geralmente, a pessoa que me guiava era minha irmã mais velha. Brincávamos de “confiança”.  Eu fechava os olhos sem medo porque sabia que ela não me levaria a nenhum lugar que eu não fosse amar. Eu tinha a certeza absoluta que ela só queria minha felicidade.

Quando andava de mãos dadas com minha mãe ou meu pai, eu brincava sozinha, mesmo. Fechava os olhinhos e saía a andar. Só às vezes pedia para ir com menos pressa e eles se zangavam: - Abre os olhos, menina! Brinca depois que estamos com pressa.

Posso contar nos dedos o número de pessoas que me deixei levar pelas mãos através da brincadeira “confiança”.
Depois da minha irmã mais velha e dos meus pais, vivi experiência parecida com meu primeiro namorado. Andava sempre de mãos dadas e, como um teste quase misterioso, fechava os olhos e me deixava levar por ele. Eu precisava saber se eu confiava mesmo, já que ele vivia dizer o contrário. E eu confiava. E era bom confiar.

Me lembrando desta brincadeira, recordei o quanto é bom ter em quem confiar. Ainda confio nestas pessoas citadas acima, embora o último não seja mais namorado. Mas, certamente, daria minhas mãos de olhos fechados a cada um deles por saber que só querem meu bem.

E, lembrando desta história, questionei também o motivo de ter tanto tempo que eu não fecho meus olhos e não entrego minhas mãos.
Ai, esta casca, este manto, esta farda de segurança tão frágil e tudo em vão.

Quero brincar de “confiança”. Mesmo que para isto tenha que voltar a ser criança.
Débora Andrade

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