terça-feira, 6 de novembro de 2012

O Vão


O Vão

Entre o passado, o presente e o futuro há o espaço. Há um vão onde a dor se esconde.

E o passado bateu, mais uma vez, na mesma porta.
Deixou entrar pela fresta. E a dor inundou todo o quarto.
Não há um único espaço sem olhos molhados.
Corpo encharcado de promessas descumpridas refletindo toda a dor.
Remexeu todos os  armários e quase nada mais lhe cai bem.
Foi um bom tempo engordando e emagrecendo de ilusão, saudade e solidão.

Perdida. E sem caminhos à frente.
Apenas um único vão onde se esconde da vergonha de se sentir só.
Perplexa. Diante do gigante ego que amedronta, que expele o orgulho e a vaidade de nunca esperar não ser correspondida.

Fala. Fala mais. Fala só para ela.
As palavras nunca tiveram muito efeito sobre ele.
Escreveu mil poemas e nenhum penetrou este coração que não mais a pertence.
É de outra, é do mundo. É de ninguém.

Nada o entorpece vindo dela.
Nada o encanta.
Nada a enobrece.

Pobre menina.
Junte todas suas letras, seus passos de dança e sua melodia mais triste e faça arte.
O vão entre uma vida e outra é o mesmo entre passado e futuro.
Então, não espere saber o que fazer com estes passos pesados, inundados de saudade e solidão.
Este presente imerso em dor do passado, passa.

Menina, moça, mulher.
Segure as lágrimas.
Suporte a dor.
Siga, sinta, não se perca, amor.

O passado vai embora.
E logo chega a brisa da saudade,
com as trovoadas de dor.

Mas o futuro sempre será amanhã.
Débora Andrade

Nenhum comentário:

Postar um comentário