terça-feira, 6 de novembro de 2012

Gorda


GORDA

Gosto de alface, rúcula, jiló. Um prato bem colorido, com combinações de fibras, proteínas e pouco carboidrato sempre me agradou.
Acho arroz gostoso, mas sempre achei desnecessário no prato do dia a dia. Uma vez por semana é o suficiente.
Frituras? Prefiro pratos assados. Batatas, chicknitos e pastéis: sempre arrumo uma maneira de levá-los ao forno ao invés de levá-los à gordura quente.
Se me chama para almoçar, não me venha com "fast foods".Estes sanduíches industrializados são péssimos. Sou bem mais um pãozinho integral recheado com cenourinha e ricota.
Doces? É. De doces eu sempre gostei muito. Principalmente em dias de "tpm". Só o chocolate para me salvar de tanta angústia.
Adoro dançar. Em qualquer festa sou sempre a última a parar,levando em consideração o detalhe de que não paro nem um minuto. Muito menos para comer! Quero é a pista de dança. E dependendo do evento, cerveja, pró seco ou caipirinha, que é ainda melhor.
Joguei vôlei durante um bom tempo da minha vida. Já tive época de ir pedalando na cidade ao lado só para tomar um sorvete. Isso mesmo! 15 km para ir, tomar o sorvete no banquinho da praça e mais 15 km para voltar.
Dificilmente o sorriso me abandona. Bem parecida com as anoréxicas, tenho desvio de visão quando me olho no espelho. Mas o engraçado é que quase nunca me vejo gorda. Me acho bonita!
Uso vestidos, saias, mini saias, bermudas, shorts, mini shorts, regatas, roupas coloridas!! Mostro os braços, mostro as canelas, a panturrilha, as coxas.
Adoro juntar todas as gordurinhas dentro do sutien para exibir o decote de um "pseudo" peito.
Adoro rímel, sombras, blush e gloss. E faço questão das minhas mexas loiras, sem falar que tenho carinho pela minha tatuagem e meu piercing no nariz.
Dificilmente vai me ver sem cordão, brincos ou salto. Nem depois de 30 sambas. Mantenho a linha fina.
Quando vou à praia, piscina, cachoeira ou rio, não me intimido. Que "mané" maiô! É biquini, mesmo.
Nunca fui uma menina, mocinha, e hoje, mulher magrinha. Certamente, não serei uma senhora magra. Mas isto nunca foi um problema para mim. Talvez por dar maior valor à outras coisas. Exemplo bom disso são o namorados. Desculpem meus ex's namorados e casos, mas, eles sempre foram muito mais interessantes do que bonitos! Ao lembrar de cada um, lembro de ações, da personalidade, do olhar, até do cheiro e da temperatura da pele. Raramente lembro com prioridade da imagem. Imagem se desfigura com o tempo.

O porquê desta crônica de hoje? De repente porque eu não gosto, não quero e não me importa nada lembrar que sou gorda.
Talvez para me forçar aceitar esta realidade, que só é cruel quando tratada como "anormal".
Na verdade, acho que é mesmo para dizer à alguns: - Obrigada, mas... Não precisa me lembrar. Minha saúde vai muito bem, obrigada. Não me venha com "é para seu bem". Me faz bem é um abraço apertado como declaração de amor e amizade.
Me faz bem saber que notam no meu sorriso a minha alegria que não vem das taxas de gordura. Mas da alma gorda de amor, de carinho, de calor.

E por último? - Ah!! Por último... E para saberem que não sigo tendências. E se você segue... Prefiro que não me siga.

Não tenho peso que impeça meus vôos. Minhas asas levam minhas penas bem leves a ponto de realizar manobras no céu.

Em algum texto eu digo: "Eu gosto de doces. Mas eu gosto mesmo é de gente doce!"

Deve ser por isso que sempre fui gorda.
Débora Andrade

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