terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Cara


O Cara?

Eu sempre achei que o cara da minha vida fosse chegar com uma rosa na mão e, na outra, um livro de poemas autorais. Sempre pensei que ele, com todo charme e elegância, me convidaria para tomar um vinho enquanto declamava poemas de Neruda.

Ele não chegou num cavalo branco. E nem tinha arco e flechas.
Não me trouxe anel de brilhantes e nem viu a minha carruagem virando abóbora.

Mas ele tem meu sapatinho. E guardou como um brinde vindo dos céus.
Ele chegou assim, quase do nada. No lugar do livro, me trouxe palavras tão doces e sinceras, que me fez ter vontade de acreditar outra vez.
Contra o álcool, o vinho deu espaço à longas conversas e, com muito charme e elegância (sim!), nada peculiar a sua estatura de lutador de vale tudo, me ofereceu uma barra de cereal depois de um beijo de tirar o fôlego.

Meu Deus. E eu fiz tranças de Rapunzel e ele nem precisou de cordas para escalar minha muralha. Entrou no castelo pela porta da frente. E com toda a graciosidade do cara simples que não nega, raptou todos os meus ares de santa. Do profano ao sagrado, me tomou nos braços e eu coube ali com toda a minha falta de tudo. E numa completude quase insana, me libertei da clausura de conto de fadas. Fiz do castelo uma tapera só nossa. E ali tem nosso cheiro e até o nosso som regado ao sabor de prazer, felicidade e qualquer outra coisa que nossas cabeças sonharem.

E ele chegou. Suado, com trajes de luta livre e nas mãos, um pouco de mim. O que de mim havia ficado preso nos sonhos do castelo.

E toda surpresa se faz. Nem sapo, nem príncipe: - Homem. E se é ele ou não o tal "cara", nem questiono.
Basta saber o quanto me faz bem. E faz, MUITO bem...
Débora Andrade

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